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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Resgatar a ovelha ou manter no rebanho?


Em Lucas 15, Jesus propõe uma parábola, que ficou conhecida como “A parábola da centésima ovelha”.
Diz assim: “Então. lhes propôs Jesus esta parábola: Qual. dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E,indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.“.
Geralmente, o foco dessa parábola fica sobre a centésima  ovelha, aquela que se perdeu e o bom pastor foi buscar.
Quando se faz um sermão sobre isso, os pregadores normalmente se concentram nessa ovelha, na necessidade de evangelizar, de ganhar almas. Eu quero fazer o contrário: meu foco aqui é falar sobre as 99 ovelhas que ficaram.
No contexto, Jesus deixa claro que essas 99 representam “noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”, ou seja, os cristãos salvos, aqueles que fazem parte da Igreja.
Essas 99 representam aquelas que vivem uma vida “eclesiástica certinha”, vão aos cultos, estão dentro dos padrões conformes. Mas eu  fico pensando nas crises e nos problemas que elas têm...
Essas 99 ovelhas sofrem de sarna, têm carrapatos, comeram capim ruim e estão com dor de estômago, sentem sede...
Uma coisa que muitos não reparam nessa parábola é o local onde o pastor deixa essas 99 ovelhas... NO DESERTO!
Escuto minha esposa dizer muitas vezes que a palavra de Deus nos alerta que o deserto é que nos faz crescer, é onde nos fortalecemos e passamos a escutar e a confiar mais em Deus.
Precisamos de um tempo a sós em nosso deserto para valorizar a segurança que temos... Muitas vezes as pessoas confundem essa segurança com zona de conforto, querendo sempre ficar embaixo da asa de um pastor ou dentro de quatro paredes de uma igreja. Isso não é segurança, isso é conforto e comodidade.
O deserto é um lugar onde se morre de calor durante o dia e se congela de frio à noite. Cheio de escorpiões, cobras venenosas, escassez de água, tempestades de areia e outras dores.
Assim é o mundo em que vivemos.
Geralmente, ao ouvirmos essa parábola só lembramos da alegria pelo retorno da ovelha perdida, do jubilo que há no Céu por sua volta, mas não pensamos no sofrimento das 99 que ficaram. Pois, depois que o pastor chegar com a centésima e se rejubilar com os amigos, vai juntá-lá ao rebanho. E as cem continuarão ali, no deserto, com todos esses problemas.
Escutei de uma ovelha recentemente que tenho que tomar cuidado, pois o tempo inteiro me preocupo em resgatar ovelhas perdidas e não dou a devida atenção a ovelha que está ali do meu lado. Duro de escutar, mas necessário!
Minha ficha caiu... Sim, temos de evangelizar, resgatar as ovelhas perdidas, mas não basta “agarrá-las” a força e jogá-las para dentro do curral. Se não cuidarmos, escovarmos, alimentarmos, catarmos os carrapatos, ensinarmos sobre o perigo que é uma serpente venenosa e abandonarmos as ovelhas ao frio e ao calor insuportáveis, é capaz que elas fiquem tão infelizes que resolvam buscar uma vida melhor e paz em outros lugares. E quando você se dá conta, uma ficou e 99 foram embora, fugiram, saíram em busca de pastos diferentes.
Desde a minha conversão, sempre ouço duas palavras que juntas me incomodam... “ganhar almas”.
Já ouvi muitos pastores dizer “a missão da Igreja é ganhar almas”.
Não é!
A missão da Igreja, acima de tudo, é contar as boas novas, ou seja, evangelizar, glorificar Deus. Logo em seguida, é fazer discípulos. Mateus 28 diz “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Ou seja, não basta sair e evangelizar: é preciso discípular, e nisso implica: Cuidar, zelar, educar, fortalecer, ensinar e solidificar a fé demonstrada no dia da conversão.
Sempre que você for ler a Bíblia, leia o que ela diz, mas preste bem atenção naquilo que ela não diz, pois muitas vezes as pessoas usam o texto sem contexto.
A centésima ovelha é a protagonista da parábola, só não esqueça dos coadjuvantes, para que eles não venham a se tornar protagonistas.
Muitas ovelhas trem deixado seu rebanho por conta de pastores acharem que elas estão em um lugar seguro e se afastam para cuidar de outras. Ovelhas, reclamem sim, seus pastores muitas vezes não percebem que vocês estão sofrendo no deserto ao invés de se fortalecer... Pastores, tirem a trave do seu olho ao invés de criticar o cisco no olho das suas ovelhas!
Vamos viver a igreja de Atos... Amemos uns aos outros!

Deus abençoe,

Por: Pr.Paulo Alencar
Coluna: Ponto de Vista

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